quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Fazer parte da história



Claro está, que o sempre charmoso Comandante de Bombeiros Voluntários na fotografia: é o meu, o nosso Pai.

Acompanhava-o eu, compenetrado no meu papel de caçula, envergando com orgulho a farda que ostentava o símbolo que havia aprendido a idolatrar pelo seu significado. O símbolo dos bombeiros, particularmente os do Dafundo, que são naturalmente os melhores do mundo.

Era sempre um orgulho!

Porque a farda me envaidecia (caramba, era a farda dos bombeiros!), porque o Pai discursava bem, porque o Pai salvava vidas, porque o Pai não ganhava um tostão a fazê-lo.

É verdade que às vezes o via pouco.
É verdade que às vezes tinha medo que morresse.
É verdade que me chateava um pouco quando ele me trocava pelas reuniões dos bombeiros.
É verdade que nem sempre me apetecia estar sozinho e ele não vir brincar comigo.
É verdade que nem sempre entendia se era uma pessoa tão importante, reconhecida por todo o país e mesmo fora dele e se perdia tanto tempo com aquilo, porque é que não era mais rico financeiramente?


Mas também é verdade que partilhar o meu Pai com toda a gente, me ensinou a entender o significado de DAR, na sua plenitude.

De entender que não podemos ser realmente felizes, se não fizermos os outros felizes. 

De desde cedo entender, que há um limite ao dinheiro que nos anima e que gastá-lo a ajudar os outros, também nos pode fazer ainda mais felizes.

Os anos passaram. O puto cresceu. Tento como sabes, desde há muito, (mesmo antes de partires), fazer eu o mesmo.

Espero não te estar a desiludir muito, Pai.



ACASO
Armando CArdoso SOares


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